Este artigo, escrito por
André Pugliese, aborda a evolução
das mídias e
a sua relação
com os processos comunicativos, a
partir da análise
da evolução das linguagens desde a oralidade,
até a linguagem digital, cada qual com suas idiossincrasias. No ciberespaço, a comunicação é
potencializada e nunca termina.
Os textos sofrem mutações, as
fontes mudam e as
necessidades e expectativas
dos leitores, bem
como o seu número
aumentam. Reiterando os
esforços de compreensão
acerca do tema,
os leitores são posicionados
como artificies de
uma atividade intelectual
amplamente estruturada.
Os indivíduos interagem com as mais diversas
formas de conhecimento durante todos os momentos de sua vida, e a linguagem é o
meio pelo qual eles transmitem, recebem e reconfiguram os conhecimentos e a
sabedoria que são necessários ao desenvolvimento de suas atividades pessoais e
profissionais. Para Peter Burke (2003, p. 20).
A oralidade
é a forma
de linguagem básica
do homem sendo
caracterizada em duas tipologias
distintas: oralidade primária
e secundária. As
sociedades da oralidade primária são
também chamadas de
culturas orais, ágrafas,
cultura sem escrita,
culturas não-letradas, culturas oralistas, culturas verbo-motoras ou acústica
e são, por excelência o lugar dos narradores,
dos mitos e
das lendas (RAMAL, 2002).
Por meio de
signos comuns de voz,
que eram compreendidos
pelos membros de
um mesmo grupo,
as pessoas se comunicavam
e aprendiam (KENSKI,
2007). Para que
tais conhecimentos não fossem
perdidos, eram periodicamente retomados
e repetidos em voz alta.
A tecnologia
da escrita, na
busca por essa
universalização, organiza-se em códigos, produzindo assim representações
alfabéticas. Segundo Kenski (2007, p. 31), “a complexidade dos códigos
da escrita e
o domínio das
representações alfabéticas criam uma hierarquia social, da qual são
excluídos todos os iletrados, os analfabetos”. Assim, a escrita desempenha
papel de reorientação das estruturas sociais, à medida que legitima e valoriza-o
conhecimento como mecanismo
de poder e
ascensão social.
A linguagem digital é, em
essência, bastante simples, configurando se como uma linguagem articulada
com as tecnologias
de informação e
comunicação, as TIC. Por meio dela, é possível obter e fornecer
informações, comunicar, interagir e em particular aprender. A linguagem
digital impõe mudanças
radicais nas formas
de acesso à informação, criando
consequentemente novos e
dinâmicos processos de
produção e difusão de
conhecimentos. Cria dessa forma, uma nova cultura, a partir de sua estrutura de codificação
distinta e particular.
A evolução das linguagens
trouxe em seu rastro modificações em seus suportes. Desde a
oralidade, até chegarmos
ao tempo das
linguagens digitais, muitas
alterações foram observadas nas
relações que o
sujeito estabelece com os textos.
A leitura, que encontrou
nas palavras a sua
mais fiel referência,
volta hoje à
época dos primeiros registros
feitos pelos homens, na medida em que se realiza por meio de diversos outros
dispositivos, tendo as imagens como o seu melhor exemplo. O mundo é
essencialmente imagético, e saber
compreender os meandros
de sua linguagem
pode significar interpretá-lo melhor, mais
eficazmente.