quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Comunicação : reflexões sobre a mídia e a linguagem



          Este artigo, escrito por André Pugliese, aborda  a  evolução  das  mídias  e  a  sua  relação  com  os  processos comunicativos,  a  partir  da  análise  da evolução  das  linguagens desde  a oralidade,  até a linguagem digital, cada qual com suas idiossincrasias. No  ciberespaço, a  comunicação é  potencializada e  nunca  termina.  Os  textos  sofrem mutações,  as  fontes mudam  e  as  necessidades  e  expectativas  dos  leitores,  bem  como  o seu  número  aumentam.  Reiterando  os  esforços  de  compreensão  acerca  do  tema,  os leitores  são  posicionados  como  artificies  de  uma  atividade  intelectual  amplamente estruturada.
          Os  indivíduos interagem com as mais diversas formas de conhecimento durante todos os momentos de sua vida, e a linguagem é o meio pelo qual eles transmitem, recebem e reconfiguram os conhecimentos e a sabedoria que são necessários ao desenvolvimento de suas atividades pessoais e profissionais. Para Peter Burke (2003, p. 20).
          A  oralidade  é  a  forma  de  linguagem  básica  do  homem  sendo  caracterizada  em duas  tipologias  distintas:  oralidade  primária  e  secundária.  As  sociedades  da  oralidade primária  são  também  chamadas  de  culturas  orais,  ágrafas,  cultura  sem  escrita,  culturas não-letradas, culturas oralistas, culturas verbo-motoras ou acústica e são, por excelência o  lugar dos  narradores,  dos  mitos  e  das  lendas  (RAMAL,  2002).  Por  meio  de  signos comuns  de  voz,  que  eram  compreendidos  pelos  membros  de  um  mesmo  grupo,  as pessoas  se  comunicavam  e  aprendiam  (KENSKI,  2007).  Para  que  tais  conhecimentos não  fossem  perdidos,  eram  periodicamente  retomados  e  repetidos  em  voz  alta.
          A  tecnologia  da  escrita,  na  busca  por  essa  universalização,  organiza-se  em códigos, produzindo assim representações alfabéticas. Segundo Kenski (2007, p. 31), “a complexidade  dos códigos  da  escrita  e  o  domínio  das  representações  alfabéticas  criam uma hierarquia social, da qual são excluídos todos os iletrados, os analfabetos”. Assim, a escrita desempenha papel de reorientação das estruturas sociais, à medida que legitima e  valoriza-o  conhecimento  como  mecanismo  de  poder  e  ascensão  social.
A linguagem digital é, em essência, bastante simples, configurando se como uma linguagem  articulada  com  as  tecnologias  de  informação  e  comunicação, as  TIC.  Por meio dela, é possível obter e fornecer informações, comunicar, interagir e em particular aprender. A   linguagem   digital   impõe   mudanças   radicais   nas   formas   de   acesso   à informação,  criando  consequentemente  novos  e  dinâmicos  processos  de  produção  e difusão de conhecimentos. Cria dessa forma, uma nova cultura, a partir de sua estrutura de  codificação  distinta  e  particular.
          A evolução das linguagens trouxe em seu rastro modificações em seus suportes. Desde  a  oralidade,  até  chegarmos  ao  tempo  das  linguagens  digitais,  muitas  alterações foram  observadas  nas  relações  que  o  sujeito estabelece com  os  textos.  A  leitura,  que encontrou  nas  palavras a  sua  mais  fiel  referência,  volta  hoje  à  época  dos primeiros registros feitos pelos homens, na medida em que se realiza por meio de diversos outros dispositivos, tendo as imagens como o seu melhor exemplo. O mundo é essencialmente imagético,   e   saber   compreender   os   meandros   de   sua   linguagem   pode   significar interpretá-lo melhor, mais eficazmente.

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